quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Gueto Brasil


Antônio ao atravessar uma rua sem nome no Gueto Brasil, viu caminhar em sua direção uma menina, com cabelos ao vento sem nenhum ornamento; pés desnudos, assim no tempo; vestido puído sem brilho; mas ainda assim um ser de divino encantamento.
Antônio ficou parado como que extasiado, tomado por um enorme sentimento, quando os olhos da menina depois de olhar para todos os lados se deteve assustados nos seus. Nesse momento correu em sua direção, entregando-lhe um papel na mão, antes que o barulho de um disparo o conciêntizasse do que aconteceu. Ao desfalecer em seus braços, ele anestesiado viu um anjo adormecer. Gritou desesperado, mas o povo também chocado não acreditava no que via a acontecer. Ficou jogado na calçada com ela ainda em seus braços quando um último suspiro o deixou ainda mais abalado.
A polícia chegou e quis saber, de onde ele conhecia a menina que nos seus braços jazia. E ele transtornado disse. “Eu nuna à ví, ela me deu isto antes de morrer”. O policial pegou o papel e começou a ler, olhando para Antõnio, começando a entender; e com os olhos tristes devolveu-o para que ele mesmo pudesse ler. Antônio pegou o papel e começou a ler, sem acreditar na sina sorte que Deus lhe deu. “Mãe ontem fiz treze anos e quero voltar para casa se você me aceitar. Prometo que não vou mais gritar quando o pai me bater, assim não complico as coisas pra você. Também não precisa me dar mais aquela boneca que eu tanto queria, não curto mais essas coisas. Mas quero voltar pra casa. Estou com medo de ficar na rua; aprendi a fumar uma pedrinha branca como açúcar, mas que deixa um gosto amargo quando acaba. Estou devendo na Boca, e eles querem que eu pague fazendo umas coisas com quem eles mandar, você sabe o quê. Falaram que se eu não fizer vou morrer. Só que eu não quero fazer, sabe porquê? Porque estou gostando de um cara lá do farol. Ele é muito bonito, chega todos os dias num carro amarelo, vestido com uma roupa marrom e fica o dia lá no farol mandando os carros passarem ou pararem. Eu fico o dia inteiro olhando pra ele. Ele sempre sorri quando atravessa as crianças da escola ou algum velho, e fica bravo quando os carros não fazem o que ele manda. Fico atravessando para lá e pra cá, pra vê se ele me vê, para vê se ele me sorri, mas ele nunca me viu, nunca me sorriu. Haa mãe mas o dia que ele me ver; você vai vê ele nunca mais vai me esquecer.”
Antônio depois de ler entrou num pranto compulsivo abraçado um rosto adormecido, numa rua sem nome no Gueto Brasil, que jamais iria esquecer.

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