quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Viva, experimente...

Se você quer entender essa loucura que é estar em meio a natureza num lugar que é cenário para tantos poetas, músicos, libertinos, boêmios, livres, amados e amantes... De desejar que o mundo acabe alí, naquele lugar, sobre a luz da noite, sob aquele luar... ou então sobre o calor do sol refletindo nas águas cristalinas da piscina... Aqui é o seu lugar.

Não existe outra maneira de viver... Viver é experimentar, conhecer, vibrar e SER... Apenas SER


http://www.chacaraportaldeminas.blogspot.com/

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Favela em chamas

Nos olhos do piá, imagens refletidas...
Submundo imerso na incredulidade
Fogo
Desespero
Dor

Pobres criaturas divinas
Miseráveis
Incansáveis
Criaturas do Mundo

Na favela
Chamas
Destruição
Dor

Do pó que veio ao pó retornou

Vida

O vendaval passou,
Calmaria...
Temporal...

Nos fragmentos da tempestade enigmas indecifráveis

Galhos partidos,
Folhas caídas,
Vestígios de fatos reais

No caminhar da floresta a incerteza da vida

O que a tempestade deixou?

Galhos partidos, folhas caídas...
Flores se abrindo, sementes nascendo...

A vida!

Ainda é tempo

O que ainda está por vim?
Serão dias de chuva ou de sol?
Serão rosas ou espinhos?

Amor ainda é tempo
Lembra aquela manhã
Para nós o tempo não existia

O tempo passa
As horas caem
E a tarde se vai

Amor ainda é tempo
Será o anoitecer que chega
Não vamos esperar

Os dias passam
Mas ainda há tempo
Tempo de se amar

O tempo

Que tempos são esses?
São tempos de colher.

Que lágrimas são essas?
São lágrimas de alegria.

Que brilho é esse?
É o brilho de olhos que prenunciam o futuro.

Que futuro?
Um futuro mais certo que incerto.

Feliz?
Sim, mas não tão maravilhado com o passado.

A noite


Passeava pela floresta e a negritude da noite me envolvia

Um clarão surgiu, e a sua imagem tomou forma diante dos meus olhos

As copas das árvores se abriram, e um céu estrelado presenciou aquele momento

Senti você tomar o meu corpo, e o breu da noite nos embreagar

Terá sido sonho?

O dia já amanhece...



Fonte da imagem: http://letraspoesias.blogspot.com/

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

SOU HITLER OU SOU GANDHI?


SOU HITLER !
TORTURADOR,
SEPARATISTA,
RACISTA.

SOU. NÃO, NÃO SOU !

SOU GANDHI !
BENFEITOR,
PACIFISTA,
SEM COR,

SOU. NÃO, NÃO SOU !

HITLER VAMPIRIZA O MEU SER.
QUERO TREVAS !

GANDHI ILUMINA MINHA ALMA.
QUERO LUZ !

NÃO SOU HITLER, NÃO SOU GANDHI.
SOU ALGO ENTRE O DIVINO E O TERRÍVEL...

UM SER HUMANO.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um anjo de demônio



Hoje acredito no bem no mal que habita em cada um de nos, através de Maria um anjo que me mostrou a sua outra face.
Quando ela estava com a idade de doze anos a mãe morreu de infarto, e o pai achou que não tinha condições de criá-la . Fiquei com pena da menina e me ofereci para ficar com ela. Logo depois disso o pai foi embora para a Bahia, e vez ou outra tínhamos notícias dele.
Maria era um anjo. Uma criança extremamente doce que sempre se lembrava da sua família com alegria, mas dizia sentir mais a falta do pai do que da mãe. Um dia à perguntei porquê; é ela com a sua voz meiga me respondeu, que diferente da mãe, ele nunca teve medo de ser o que era e de dizer o que pensava. Que ele foi capaz de deixá-la sem remorsos e sem dores porque isso era o mais certo para ele. Ela crescia numa família feliz e estruturada, rodeada de chamegos do meu marido Armando e dos meus dois filhos gêmeos Pedro e Matheus dois anos mais velho que ela, que sempre quiseram uma irmã.
Maria se tornou uma jovem linda e meiga, começou a trabalhar e todo o mês mandava para o pai mais da metade do que ganhava. Quando completou dezoito anos fizemos uma festa, e foi nesse dia que o que vi acontecer não quiseram acreditar os meus olhos. A casa estava cheia de amigos e parentes que adoravam aquela doce criatura, quando na frente de todos ela ergueu uma taça de champanhe e fez a seguinte declaração. “A partir de hoje eu sou livre! Livre do desprezo de todos vocês, livre do enfado dessa família, livre para odiar o meu pai por ter me abandonado!” A cada frase que dizia rodopiava pela sala entre os presentes, e naquele momento não foi doçura que vi em seus olhos, mas a face do demônio. Ela falou barbaridades que deixaram a todos em estado de choque.
Logo depois ela fez as malas e saiu de casa. Meu marido chorou por três dias seguidos, meus filhos não conseguiam se concentrar em coisa alguma, e eu sentia dentro de mim uma mistura de sentimentos que variava da dor ao ódio de ver todos a minha volta sofrendo tanto.
Por não agüentar mais tudo aquilo resolvi procurá-la. Consegui descobrir que ela estava morando num cortiço do outro lado da cidade. Quando cheguei no local fiquei enojada com tanta sujeira, o local era um prostíbulo onde viviam vagabundos e prostitutas. Quando entrei no quarto, ví num canto sombrio uma mulher de maquiagem borrada e roupas rasgadas me olhar com desprezo. Naquele momento o ar era fedido e parecia que eu tinha descido ao inferno. Não consegui encontrar naquela mulher nem um traço da menina doce que sempre foi. “O que quer aqui ?” Perguntou ela. _ Eu quero poder ajudá-la. Respondi. “Mentira você quer ajudar a si mesma. Eu não preciso de ajuda, não quero mais a sua pena, eu apenas resolvi viver o meu outro lado”. _ De que lado você está falando? “De um outro lado que existe em cada um de nós, e que ocultamos, um lado que nos permite ser e fazer o que o lado bom não permite.” _É porquê você quer isso ? “Para desprezar você que só me quis por pena.”_ Mas eu sempre amei você. “O que é que você chama de amor? Durante todos esses anos eu fui sempre o que você quis que eu fosse, até começar o ciúme a inveja. Ou você acha que eu não percebia o que o seu outro lado falava quando o seu marido me colocava no colo e me dava carinho como daria a filha que não teve. Você pensava, preciso tomar cuidado, ela já é uma mulher, tão linda e tão meiga que pode envolvê-lo. Ou então preciso afastá-la daqui, os meninos ouvem mais à ela do que a mim. Diz que o que estou falando é mentira. Gritou ela aos prantos”. Nesse momento dentro de mim as lembranças se afloraram e o meu lado bom permitiu que eu enxergasse o mal. As cenas foram passando como se fosse um filme. Sim eu a queria longe de casa, ela era uma ameaça ao meu casamento, ela era doce demais, meiga demais, a ponto de me irritar. Os meus filhos não me abraçavam mais, todos os carinhos e atenções da casa eram para ela, meu Deus como pude ser tudo isso. O mal tomou conta de mim comecei a gritar para ela parasse de falar, mas não era ela quem falava, era a minha própria voz me acusando que eu ouvia.
De repente eu comecei a dizer coisas horríveis. _ É verdade, eu odeio o seu rosto lindo, a sua juventude. Há muito tempo eu vinha pensando numa forma de afastá-la da minha casa, da minha família, é incrível como você facilitou as coisas.
“Não!”. Gritou ela. “Não eu não facilitei, porquê se não você não estaria aqui, você está lutando consigo mesma, e o seu lado mal está vencendo o seu lado bom. Porquê você acha que fiz tudo o que fiz ? Para fazer você ver em si mesma o seu lado ruim, que estava sempre lutando contra mim, e que eu não conseguia ser forte o bastante para vencer... Eu amo você, por isso não consegui mais continuar lá”.
Quando ela chorando me disse essas palavras me vi diante de um espelho que se quebrava diante de mim. Em um dos lados do espelho eu vi a minha face contorcida e deformada e no outro uma face diante de uma luz que se apagava. Ví alí o anjo e o demônio que sempre existiram dentro de mim.
Eu sempre amei e odiei aquela menina com a mesma intensidade. Enquanto um outro demônio, o que vivia nela precisou tomar forma para que eu visse o meu próprio demônio. Neste momento me joguei no chão de joelhos e pedia a perdão a Deus e a ela. O anjo me abraçou e choramos duas horas seguidas incontrolavelmente. Depois daquele dia nunca mais fui a mesma, hoje tenho plena consciência que em cada um de nós habita um demônio pronto a tomar forma a cada momento de fraqueza, quanto à ela, voltou a ser, o anjo que sempre foi.

Fonte da imagem: http://que-bonito-e.blogspot.com/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mundo


Um dia, ainda menino, sonhava em ter o mundo

Hoje o menino cresceu, olhou o mundo e disse adeus

Não quero o mundo, não quero nada, só quero ter paz comigo

Quero ter estrelas em noites de lua, quero o céu azul em dia de sol

Bombas não são estrelas ! Radiação não é luz !

Big bang

Bomba atômica

Navios de guerra

Quero paz pró meu filho

Que ainda é um menino

E sonha em ter o mundo

Fonte da imagem: http://aruasetima.wordpress.com/2009/11/18/o-menino-perdido/

Jovem poeta


Numa noite de lua, numa hora incerta, numa esquina da periferia partiu um jovem poeta. No peito uma chaga aberta, no olhar o passar de uma vida, assim partiu sem querer o jovem poeta. Era um poeta da lua, um poeta de esquina como diria Serginho Poeta, ou seria um poeta astronauta, apaixonado e louco poeta da periferia como o descreveriam outros poetas. Em seus versos os anseios e sonhos de um jovem apaixonado da periferia, na sua partida o reverso do que sonharia. Na sua despedida, versos declamados, por corações inconformados pela partida de Iran, um jovem de olhar franco, sorriso aberto cheio de versos e poesia, é assim que vamos nos lembrar do jovem poeta da periferia. (Homenagem ao amigo e poeta Iran)

Gueto Brasil


Antônio ao atravessar uma rua sem nome no Gueto Brasil, viu caminhar em sua direção uma menina, com cabelos ao vento sem nenhum ornamento; pés desnudos, assim no tempo; vestido puído sem brilho; mas ainda assim um ser de divino encantamento.
Antônio ficou parado como que extasiado, tomado por um enorme sentimento, quando os olhos da menina depois de olhar para todos os lados se deteve assustados nos seus. Nesse momento correu em sua direção, entregando-lhe um papel na mão, antes que o barulho de um disparo o conciêntizasse do que aconteceu. Ao desfalecer em seus braços, ele anestesiado viu um anjo adormecer. Gritou desesperado, mas o povo também chocado não acreditava no que via a acontecer. Ficou jogado na calçada com ela ainda em seus braços quando um último suspiro o deixou ainda mais abalado.
A polícia chegou e quis saber, de onde ele conhecia a menina que nos seus braços jazia. E ele transtornado disse. “Eu nuna à ví, ela me deu isto antes de morrer”. O policial pegou o papel e começou a ler, olhando para Antõnio, começando a entender; e com os olhos tristes devolveu-o para que ele mesmo pudesse ler. Antônio pegou o papel e começou a ler, sem acreditar na sina sorte que Deus lhe deu. “Mãe ontem fiz treze anos e quero voltar para casa se você me aceitar. Prometo que não vou mais gritar quando o pai me bater, assim não complico as coisas pra você. Também não precisa me dar mais aquela boneca que eu tanto queria, não curto mais essas coisas. Mas quero voltar pra casa. Estou com medo de ficar na rua; aprendi a fumar uma pedrinha branca como açúcar, mas que deixa um gosto amargo quando acaba. Estou devendo na Boca, e eles querem que eu pague fazendo umas coisas com quem eles mandar, você sabe o quê. Falaram que se eu não fizer vou morrer. Só que eu não quero fazer, sabe porquê? Porque estou gostando de um cara lá do farol. Ele é muito bonito, chega todos os dias num carro amarelo, vestido com uma roupa marrom e fica o dia lá no farol mandando os carros passarem ou pararem. Eu fico o dia inteiro olhando pra ele. Ele sempre sorri quando atravessa as crianças da escola ou algum velho, e fica bravo quando os carros não fazem o que ele manda. Fico atravessando para lá e pra cá, pra vê se ele me vê, para vê se ele me sorri, mas ele nunca me viu, nunca me sorriu. Haa mãe mas o dia que ele me ver; você vai vê ele nunca mais vai me esquecer.”
Antônio depois de ler entrou num pranto compulsivo abraçado um rosto adormecido, numa rua sem nome no Gueto Brasil, que jamais iria esquecer.

Vaidade

Que vaidade é essa que nos enlouquecesse? Que nos deixa perder o sentido da amizade? E nos deixa cegos pelos nossos desejos. E o desejo dos outros com as suas vaidades envaidecidas que os fazem cegos pela cólera da incompreensão, e os deixa perder totalmente a razão. No jogo das vaidades quem sai perdendo é a vida. Que deixa de ser vivida por que de outra forma será conduzida. Conduzida pelos interesses das vaidades envaidecidas e das vaidades não reconhecidas. O elo se quebrou… A amizade não valeu… E a confiança ficou perdida entre a vaidade envaidecida e a vaidade não reconhecida. A política é o jogo das vaidades. Quem sabe jogá-lo, usa-o como bem quer. Escarnece um, enaltece o outro, enobrece um, menospreza o outro. Usando sempre o que enaltece para escarnear do outro; o que enobrece para menosprezar o outro. O seu interesse é o que vale. A sua vaidade é jogar, usando a vaidade dos outros.

Meu fusquinha


Me lembro como se fosse hoje O meu noivo chegou com ele todo encerado. O bege do seu casco brilhando, rodinhas de liga leve câmbio sincronizado. Olhei e não quis acreditar, as chaves sendo entregues em minhas mãos. É seu. Não vai aceitar ? Não posso, não tenho como pagar. É seu, me paga do jeito que dar. Olho no olho, não tive como recusar. Entrei e senti o cheirinho de tuti fruti, o volante era pequeno, parecia feito para as minhas mãos. O toca fitas meio antigo dava um charme especial. E os bancos marrons ? Não tinha o que falar. Ele me acompanhou por quase um ano. Meu primeiro carro, meu fusquinha. Juntos vivemos muitas aventuras, numa delas ele quase me mata, ainda bem que foi só do coração. O susto foi grande, ele soltou a barra de direção. Mas como tudo na vida acaba ou se transforma, o meu fusquinha foi embora. Se transformou em pagamento de entrada na compra da nossa casa. O nosso amor não acabou, apenas se transformou. E hoje sempre que vejo um fusquinha passar, me lembro com amor daquele que pela primeira vez o volante me confiou.