quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Meu fusquinha


Me lembro como se fosse hoje O meu noivo chegou com ele todo encerado. O bege do seu casco brilhando, rodinhas de liga leve câmbio sincronizado. Olhei e não quis acreditar, as chaves sendo entregues em minhas mãos. É seu. Não vai aceitar ? Não posso, não tenho como pagar. É seu, me paga do jeito que dar. Olho no olho, não tive como recusar. Entrei e senti o cheirinho de tuti fruti, o volante era pequeno, parecia feito para as minhas mãos. O toca fitas meio antigo dava um charme especial. E os bancos marrons ? Não tinha o que falar. Ele me acompanhou por quase um ano. Meu primeiro carro, meu fusquinha. Juntos vivemos muitas aventuras, numa delas ele quase me mata, ainda bem que foi só do coração. O susto foi grande, ele soltou a barra de direção. Mas como tudo na vida acaba ou se transforma, o meu fusquinha foi embora. Se transformou em pagamento de entrada na compra da nossa casa. O nosso amor não acabou, apenas se transformou. E hoje sempre que vejo um fusquinha passar, me lembro com amor daquele que pela primeira vez o volante me confiou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário